terça-feira, 12 de maio de 2015

Preciso de Ti

Pergunto-me quem terá sido a primeira pessoa a descobrir que plantar uma maçã, dá origem a uma macieira, de onde brotarão inúmeras maçãs, muito iguais à primeira.
E se alguma vez, por mais que não fosse além de necessidade de variar, plantou uma maçã desejando secretamente obter laranjas.

Pois bem por duas vezes enterrei, bem fundo, no abismo exterior à memória que tenho em mim, aquilo que sinto por ti. E por duas vezes esse sentimento voltou a brotar. Não sei se o enterrei, esperando que não renascesse, ou se o fiz ciente de que renasceria, mas não por ti. Por qualquer outra pessoa neste mundo, menos por ti, que não me queres, que não me vês dessa forma, que não pensas sequer em ver-me dessa forma. 

Eu não sou loira, não sou baixinha, nem pequena, nem fofa e adorável. Não uso aparelho, o meu sorriso não derrete corações, e não tenho o ar de quem precisa de ser protegida. O meu cabelo é castanho e cheio de manias e arabescos, tal como eu. O meu sorriso, bom ou menos bom, tem-no quem o merece, e os meus olhos estarão sempre firmes perante o mundo. Nunca darei a quem quer que seja, a oportunidade de me ver menos do que resplandecente e cheia de confiança. Nunca precisarei de ser protegida. Encarreguei-me da minha própria protecção, e tenho orgulho nisso. Porque nem sempre terei alguém como tu, capaz de fazer um 360º para me proteger.

Mas preciso de ti. Preciso de ti, e do teu sorriso e do teu derretimento que tão prontamente ofereces a um aparelho ou a uns calções curtinhos. Preciso que vejas em mim, aquilo que queres para ti, Preciso de ti para mim. Até ao dia em que, eventualmente, conseguirei pôr para trás tudo o que sinto por ti, e  passarei a ver-te só como o meu amigo, que sempre foste, e não como a pessoa ao lado de quem eu gostaria de acordar, adormecer e viver cada momento da minha vida, com sorrisos ou lágrimas ou ambos, pouco importa. 

E espero que se esse dia chegar, tu não te apercebas depois, que eu seria aquela que te daria tudo aquilo que te faria bem e feliz, e que não tenhas nunca, de calçar os meus sapatos, e ir plantar maçãs, à espera de obter laranjas.