sábado, 29 de agosto de 2015

O meu bem estar

Portanto, tenho passado os últimos dias para aqui sentada no meu bunker, que já há muito não visitava... Acho que já me afundei em... sei lá...10 livros, nos últimos 3 dias? 10 livros e em cada um deles descobri ser inevitável encontrar um bocadinho de ti. Um bocadinho de nós. Muito de mim. Situações, imagens ou fragmentos de texto que me arrancam ao meu cantinho e me levam de volta a ti.

Não queria. Queria afastar-me. Queria que me fosse possível afastar de ti, porque, não sei se estás a perceber, és aquela pessoa que tem nas mãos o poder de me fazer sentir extraordinariamente feliz, ou incrivelmente miserável. 
Parvo, não é? Que depois de dez anos seja a estes dois sentimentos que a nossa relação se resume. 

Gostava de poder fazer como sempre, partilhar esses fragmentos, quero eu dizer. Mas não posso. Porque se o fizer, ao contrário do que acontecia antes, tu vais ser indiferente. Vais dar-me uma resposta qualquer, que almeja simpatia, normalmente dissilábica e a conversa, se é que havia possibilidade de haver uma, morre antes de sequer começar. 

E não me interpretes mal, ainda és completamente a minha pessoa. Só que eu não me sinto a tua pessoa. Já há muito tempo que não me sinto a Meredith da Christina. Não sei se conheceste algum Owen Hunt. E estás a tentar convencer-te que é a tua pessoa em vez de mim. Não sei quando foi que deixaste de engatar nas conversas sem começo nem fim, nem ponta por onde se lhes pegue. E acima de tudo não sei quando é que eu me tornei tão desinteressante para ti. Porque é isso e só isso que me tens feito sentir quando estou contigo. Desinteressante. Como se nem chegasse perto de ser ou ter algo que tu valorizasses mais em mim, do que em qualquer outro ser humano. 

Ando a fazer um esforço sabes. Para não chorar. Para não deixar que isso se entranhe em mim. Mas não estou a conseguir. Porque não me dás nenhum motivo para eu pensar o oposto. Mas se a única coisa que alguma vez valorizaste em mim, foi a minha capacidade de racionalizar as situações emocionais, e já deixaste mais do que evidente que achas que perdi essa capacidade, então não sei para que me estou a esforçar. E sobretudo não sei porque é que continuas a dar-te comigo. 

Sei que não me queres como namorada. Já deixaste isso bem claro; até demais. E já que falo disso aproveito para acrescentar que não importa há quantos anos conheces uma pessoa, não dizes nunca que o problema é a cara dela. Ou algo assim. Porque a pessoa até podia ser completamente desinteressada de ti, que isso ia continuar a doer, se o dissesses. Mas não sei o que é que ainda estou a fazer como tua amiga. E tomar consciência disso é assustador. Porque entre qualquer outra pessoa no mundo e tu, independentemente das circunstâncias, até podias matar alguém e tudo, estou-me a referir a esse tipo de circunstâncias, sempre soube e deixei claro que te escolhia a ti. Não sei se abri demais o jogo. Não sei se te deixei demasiado acomodado. Demasiado certo da minha inabalável presença e capacidade de fazer um 360º para te proteger. Mas o que nunca deixei claro, foi que entre mim e ti, eu me escolho a mim. Por isso se chegar a esse ponto, e baby boy, como nós estamos perto desse ponto, tu perdes-me. E sabes melhor do que ninguém que eu sou uma pessoa de preto e branco, e nem mesmo tu, com toda a tua enorme capacidade de me olhares nos olhos e me fazeres afundar na segurança pantanosa do castanho dos teus, tens direito a uma área cinzenta. 

Porque nem mesmo o teu bem estar, justifica o eu sentir-me miserável e desnecessária.