domingo, 20 de novembro de 2011

Puramente um acaso

Entrei ali puramente por entrar. Já tinha corrido todas as outras lojas portanto encontrei refúgio no melhor local que fui capaz de recordar. Uma livraria. Passeei o olhar pelas prateleiras do costume distraidamente. Peguei num livro "O Caderno de Maia", num gesto automático ignorei a capa e voltei para a contra-capa. Li o resumo. Um ligeiro sorriso assomou-me aos lábios. Isabel Allende que andas-te a escrever desta vez? pensei desinteressada. Folheei as páginas de letra miúda sem que uma só palavra me captasse o olhar. Desisti. Pousei o livro. De repente a minha mão parou no ar como que a meio de um movimento interrompido por algo que de facto me captou a atenção. Um livro verde. Com um dragão estampado. Seria de esperar que tivesse reparado nos cartazes enormes à entrada certo? Errado. Não ligo nunca a isso. Descubro por mim mesma os livros perdidos na imensidão das histórias que contam. Não preciso de publicidade. Aquilo de que gosto mais tarde ou mais cedo cai-me em mãos. Mas onde ia eu? Ah claro o livro. A mão que ia cair pendente junto do corpo ao invés ergueu-se para o agarrar com um frémito que fazia as pontas do dedos vibrarem deliciosamente. Senti a textura das folhas deslizar suavemente pelos meus dedos. Deixei que o leve aroma a novo e estranhamente conhecido se infiltrasse em mim. 850 páginas. Herança era o seu nome. Christopher Paolini o seu autor. A trilogia de 4... O fim de outra colecção excelente. Tentei ver as coisas pelo lado positivo: ia conseguir fazer o livro durar uma semana mesmo tendo em conta o meu apetite voraz e devorador. 850 páginas são sempre 850 páginas. Merecem um bocado de respeito. E ou muito me engano ou vou precisar de todos os meus neurónios ao viver este final.

Comecei uma pequena dança em plena livraria absorvida como estava com algumas palavras soltas que li... De repente recordei-me de onde estava, senti os olhos da funcionária postos em mim, mas não me voltei. Delicadamente pousei o livro e passei ao longo das restantes estantes exultante de alegria. Ela não podia perceber. Por isso nem valia a pena encará-la...

Estou feliz e triste.
Pronto.
É só.

Mixed up feelings, Narniana

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