sexta-feira, 4 de junho de 2010

Fragmentos

Chamei-te e não vieste. Pedi com jeitinho e mandaste-me esperar. Quase ordenei e riste-te de mim. Implorei e nem te dignaste a responder. E agora; agora que já passou e que eu falhei porque não vieste é que apareces fugazmente. E ainda tens a lata de me dizer: eu era para vir, mas.....

- Sabes que eu preciso de ti. - murmurei

- Consegues sozinha - corrigiu-me

Respondeu-lhe uma espécie de gemido de incredulidade.

- Como? - perguntei

- Acredita em ti. - soprou-me ao ouvido como quem conta segredo proibido.

- Mas...

- Terás de o fazer mais tarde ou mais cedo. Eu não poderei estar sempre aqui.

Acenei com a cabeça pouco convencida. Ela percebeu.

- Escuta: é difícil...

- Eu sei. - gemi escondendo a face entre as mãos

- ... mas o fácil é de todos.

Meditei naquelas palavras. Deixei o pensamento fluir.

- Talvez eu seja capaz. Mas como vou saber?

- Confia em ti.

- Não posso.

- Não és de confiança?

- Acho que sou.

- Vais tentar?

- Sim. - surpreendeu-me a confiança na minha voz.

Ela perdeu-se nas memórias do tempo. E eu segui em frente. Para o meu caminho.

"Nada está realmente perdido até ao momento em que páras de tentar; até ao momento em que deixas de confiar em ti."


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