Chamei-te e não vieste. Pedi com jeitinho e mandaste-me esperar. Quase ordenei e riste-te de mim. Implorei e nem te dignaste a responder. E agora; agora que já passou e que eu falhei porque não vieste é que apareces fugazmente. E ainda tens a lata de me dizer: eu era para vir, mas.....
- Sabes que eu preciso de ti. - murmurei
- Consegues sozinha - corrigiu-me
Respondeu-lhe uma espécie de gemido de incredulidade.
- Como? - perguntei
- Acredita em ti. - soprou-me ao ouvido como quem conta segredo proibido.
- Mas...
- Terás de o fazer mais tarde ou mais cedo. Eu não poderei estar sempre aqui.
Acenei com a cabeça pouco convencida. Ela percebeu.
- Escuta: é difícil...
- Eu sei. - gemi escondendo a face entre as mãos
- ... mas o fácil é de todos.
Meditei naquelas palavras. Deixei o pensamento fluir.
- Talvez eu seja capaz. Mas como vou saber?
- Confia em ti.
- Não posso.
- Não és de confiança?
- Acho que sou.
- Vais tentar?
- Sim. - surpreendeu-me a confiança na minha voz.
Ela perdeu-se nas memórias do tempo. E eu segui em frente. Para o meu caminho.
"Nada está realmente perdido até ao momento em que páras de tentar; até ao momento em que deixas de confiar em ti."
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