terça-feira, 15 de junho de 2010

Fragmentos


E senti-me só numa imensidão que desconhecia. Tinha medo de dar um passo, temendo não ser capaz de recuar. Não consiga agir. Quis pedir ajuda. Quis ser ajudada. Procurei a minha voz e ela perdeu-se. Morreu sem chegar a viver. Porque eu nem suportava a simples vibração do ar, o roçar da brisa na minha pele. O movimento da inspiração antes do falar: ardia como o fogo do inferno. E tu não foste capaz de perceber que eu precisava de ajuda; porque temia avançar. Recordo todas as palavras, inclusive as que tudo arruinaram. Subitamente recordei-me também que devia respirar. Doía-me tudo enquanto me movia ao ritmo da entrada de ar.

Senti-me subitamente vazia.

Devia ter alguma coisa cá dentro, lembro-me de pensar. Mas não. Não tinha nada. Achei que devia continuar a doer, como quando tudo começou. Mas não. Estava resignada... Já senti tudo e neste momento não penso em invocar o assunto. Não... quero fazê-lo. Ofegante obriguei os músculos a contrairem-se e obriguei o coração a continuar.

"Coragem não é ausência de medo mas agir apesar dele" (Mark Twain)
"Temos de conseguir viver mesmo quando tudo nos magoa"(Stephen Spender)

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