sexta-feira, 24 de junho de 2011

28 de Maio de 2011

O dia da minha morte... que data tenebrosa... só de pensar... E agora a pergunta é mesmo 'Se 28 de Maio já passou e estou a ler isto a fulana não morreu! Então que porra é esta?'

Pois não, não morri mas quase. E porquê? Casamento. Precisamente tive um casamento nesse dia.
Quando comentei inicialmente o assunto, desolada, ouvi coisas como "Ei que fixe! Quem me dera ir!" ou "Eu adoro casamentos. É pena que vou a muito poucos!", coisas essas que me fizeram abster de mais comentários. É que estão a ver... eu não sou nada destas coisas formais e cheias de alaridos e floreados. «Vão casar? Porreiro que bom para eles. Felicidades.» Mas não só não pude fazer isto como tive de ter trabalho à custa do casamento dos outros. Parece que já ter 17 anos despertou algum relógio interno que a minha mãe deve ter... motivo pelo qual ela meteu na cabeça que eu já sendo quase mulher devia ir com um vestido em condições. Aconteceu uma coisa que raramente me acontece: entrei em pânico.

1ª fase:
«Eu?! De vestido?! Oh mãe larga a cerveja!»

2ª fase:
«Mãe eu não vou de vestido nem coisa que de lá se aproxime! Tira daí a ideia!»

3ª fase:
«Queridos progenitores, dada a minha não condição de noiva ou de qualquer outro papel de relevância nesse acontecimento que em nada me diz respeito tenho-vos a comunicar muito docilmente que não tenciono envergar trajes formais durante e após o acto cerimonioso dessas duas, certamente excelentes pessoas, que eu não conheço.»

4ª fase:
«Mãe eu NÃO VOU DE VESTIDO MERDA NENHUMA!!!»

5ª fase:
«Não sou EU quem vai casar, não sou EU quem pediu esta treta, não sou EU quem tem de fazer alguma coisa nessa treta e como tal não sou EU quem vai ter de ir com um vestido. Vêm que filha porreira vocês têm? Nem vão ter de gastar dinheiro. Tenho ali umas calças e uma t-shirt que servem perfeitamente.»

Pois nem calças, nem t-shirt, nem o raio que os parta... Não tenho memória de ter estado tão perto de apanhar uma chapada como nas semanas anteriores à porra do casamento. Também não tenho memória de qualquer outra altura em que me tenha dado uma vontade tão grande de não fazer o que queriam que eu fizesse. Eu sou eu. Não uso vestidos, nem saias (excepto em alturas de 40ºC o que não era o caso), nem camisinhas, nem colares, nem brincos, nem maquilhagem (só batons) e como tal estou-me nas tintas para se é um casamento, uma saída com amigos, ou se vou visitar um rei. É calças de ganga e t-shirt e ponto final.

Portanto e posto isto tive de usar vestido na mesma, e saltos altos, e maquilhagem e tive MESMO de ir ao casamento dos tipos que eu não conhecia e cujo grau afinidade com os mesmos não me apetecia aumentar particularmente.

Escolha do vestido (30 minutos) Experimentei três vestidos (e já foi mais do que aqueles que vesti na vida por livre e espontânea vontade):



Não se safaram no teste...

Pelo caminho a mulher da loja chamou-me velha e eu bem que estive para sair dos provadores e ir dar-lhe um estalo.


















Tenho-vos a informar que depois de experimentar os três o que se safou melhor foi o terceiro.







Não que me agrade particularmente mas já não estava com pachorra para aquilo, a minha mãe gostou, A Mulher disse que era juvenil e mais adequado e como tal eu comi e deixei andar:

Cá está o dito cujo. Que entretanto já presenciou uma comunhão solene, uma primeira comunhão e vai presenciar o meu baile de finalistas se eu tiver paciência para lá pôr os pés...





E já agora sim esses foram mesmo os sapatos que eu tive calçados o dia todo, por vontade própria. Resultado cheguei ao fim e andei des-cal-ça no maior dos regalos e perante os olhares de desdém ranhosos que quem me viu me dirigiu. Quero lá saber que já tenha 17 anos e já tenha idade para me comportar como uma senhora... Tenciono conservar os meus pés e pernas funcionais até morrer, e quem quiser desdenhar faça favor.

E tinha marcação na cabeleireira... mas quando a minha mãe entrou no quarto e me viu a dormir... passou de muito calma a estado de stress: "Ariana! Tu não vinhas à cabeleireira? Eu marquei para mim e para ti! Sai da cama JÁ!"

«Oh mãe... (resmungo e volta para o lado oposto) desmarca. quero dormir... (bocejo, enroscar, ferrar no sono outra vez)» E a minha mãe seja por estar quase atrasada, seja porque já não me queria ouvir mais a reclamar acerca do casamento foi mesmo sem mim.

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Agora eu muito sinceramente gostava de saber, depois deste desabafo, o que raio é que motiva duas pessoas a enfiarem-se em roupas super formais, cheias de rocócós e afins a passarem o DIA INTEIRO nas ditas cujas, a estarem quase duas horas a ouvir um padre falar, a gastarem uma fortuna para dar de comer aos outros, a passarem um mês a planear um dia que nunca mas nunca vai correr como planeado... simplesmente para anunciar que vão de férias por uma semana (se forem) e que vão passar a morar juntos. Aliás, gostava muito de saber o que é que os motiva a dar a conhecer esse acontecimento a 300 pessoas metade das quais não conhecem ou estão ali porque sim.

Depois deste casamento estabeleci uma teoria: é que já que eles vão passar o resto da vida (pelo menos é o que se supõe) amarrados um ao outro e às turras e a "sofrer" então pelo menos vão fazer sofrer um bocadinho o maior número de pessoas possível, só por causa das coisas... que é para os solteiros não se armarem em solteiros e aos casados é para lhes esfregar no focinho um dos grandes erros da vida deles... Não vejo melhor forma do que um casamento para cumprir com este objectivo.

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