sábado, 4 de junho de 2011

Fragmentos


O grande mal disto tudo... é que todos esperam que a gente saiba o que vai fazer, quando e como o vai fazer mas sobretudo, todos esperam que a gente, faça o que fizer, o faça bem. Sem erros, nem voltares atrás, sem medo, com confiança, com consciência quase com conhecimento.

O grande mal disto tudo é que todos julgam que é fácil olhar para as caras de pais, familiares e amigos, ansiosas preocupadas a requerem conforto e a certeza de que vai correr bem e não sermos capazes, não nos sentirmos capazes de lhes dar essa confiança.

Por vezes é-me mesmo difícil convencer-me de que vai correr bem e de que eu consigo. Especialmente com alguns brilhantes resultados sabendo que trabalhei para mais. Especialmente tendo aquela vozinha na cabeça que já começa a ser difícil silenciar quando enceta mais uma sessão de "não te sentes já a estudar. Para teres quinze ou catorze não é preciso. Ouve lá paspalha! Estás parva? Vais perder duas horas em vez de meia para o resultado ser o mesmo? Deixa-te de tretas!"

E eu começo a não ter respostas, a não ter sequer coragem de responder a estas insinuações. Estou farta. Farta disto tudo. De berrarem comigo, de dizerem que é pouco, sobretudo de ter consciência de que é pouco, de não ter respostas, nem certezas, e em abono da verdade de ver a vontade escapar-se-me por entre os dedos como fumo e de não fazer, de não querer fazer nada para a agarrar. Estou cansada, não consigo ver que valha a pena, não está a valer a pena. Não está.

O que aconteceu aquela história de "Trabalha muito e serás recompensado." Onde pára a lógica no meio disto tudo? A coerência entre causa e efeito? A concordância entre acção e consequências?

Não fui notificada de quaisquer alterações inerentes à lógica do universo no fórum da vida.

Falei com a minha DT e ela disse "Na vida nem sempre tudo corre bem, vão acontecer deslizes, vais falhar muitas vezes..." Pois só agora é que ela me diz.



«Más maneiras de ser bons pais... Há muitas.»

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