Aquela que diz que se sofreres demasiado acabas por te fechar ao mundo. Não está escrita, mas está lá. Eu vi. E eu, talvez por um excesso de me atirar de cabeça, talvez por ter tendência para as pessoas erradas sofri. E fechei-me em mim para me proteger. Porque sofrer cansa. E acabei por enterrar esse prazer, essa ambição de tirar mundos da ponta do lápis como o mágico que perante o olhar de admiração de todos tira o coelho de dentro da cartola vazia.
Alguns erros, algumas quedas... dois ou três joelhos arranhados, mãos esfoladas... e fiquei eu. Como sou agora: sarcástica, prática e objectiva. Porque sendo lógica tudo é mais simples e menos doloroso. É mais fácil dizer "Não, não me arrependo mas prefiro esquecer e seguir em frente." e é sinceramente mais fácil acreditar que não preciso de ninguém. É a tal receita que nos põe assim. Que nos faz perder a subjectividade e até certo ponto a humanidade também. Porque nós não somos máquinas mas por vezes sinto-me uma a ser tão racional. Não esqueci o meu coração. Não o arranquei. Mas visto ele estar tão disposto a guardar aquilo que a mente quer esquecer, visto ele não me ajudar a esquecer prefiro ignorá-lo. Porque... é mais fácil...
Ninguém te pode fazer sofrer sem que tu deixes. Quem escreveu isto não estava decerto a par de que não somos somente nós a controlar as portas do nosso coração. Antes de sabermos já ele deixou entrar a tal pessoa errada. Antes de sermos racionais e dar-mos ouvidos aquela vozinha já está o estrago feito e o coração, que teremos de montar, em cacos.
E se calhar é por isso que eu perdi aquela capacidade de ser simpática para com as pessoas espontâneamente. Se achar que é o correcto e o racional ainda sou simpática de forma natural... mas isso é mecânico certo? E é por isso que sou assim directa e franca. E é por isso que os meus posts são tão cortantes e sarcásticos e irónicos. É a tal receita. Aquela antiga.
«Ajuda-me a esquecer; ajuda-me a recordar... Não sei... já não sei»
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